sábado, 31 de março de 2018

Talvez eu não tenha sido tanto

Talvez eu não tenha sido tanto, mas eu, eu apenas
Sei amar, não sei mais que isso. Talvez eu devesse
Ter sido mais corpo que alma, ter dado mais carne
Que sentimentos. Mas só sei ser completo, 
Todo e intenso, sempre me permiti ser assim,
Nem ser muito, nem ser pouco, ser apenas 
A medida certa para que os momentos não deixassem
Vazios e nem fossem transbordados pelos sentimentos.
Nunca me entreguei sem que a alma fosse primeiro,
Sem que ela se abrisse na plenitude de uma entrega,
Sempre limpei a mim e a ela para outros recomeços,
Nunca me permiti me entregar se, pelo menos houvesse,
Em mim, outro sentimento, que não fosse amar.
Algumas vezes fui até além de mim, sonhei sonhos
Que nem eram meus mas os fiz meus por amar,
Me permiti olhar a vida com outros olhos 
Para que se pudesse a dois, ver a beleza do amor.
Me permiti até ouvir palavras que, como açoites,
Me  feriram tanto que as lágrimas ficaram
Mais tristes do que sempre se fizeram. Ouvi palavras
Que não deviam ser ditas, isso porque talvez...
Tenha me perdido no caminho, a vida não me deu mapas
Assim não pude ser tanto, fui apenas...homem.


José João
31/03/2.018


Ah! Esses meus sonhos

Ah! Meus sonhos! Se perdem por aí, alguns
Ainda dentro de mim, outros perdidos no tempo,
Crescidos em sentimentos, em vontades, esses sonhos!!
Me dou todo, me dou inteiro a sonha-los, me entrego...
Mas se vão como fossem nuvens perdidas, indo...
Desfalecendo sem deixar histórias, deixando apenas
Tristezas, lembranças doídas e a mudez nos lábios,
Que, baixinho, murmuram rezas e nomes num silencioso
Clamor que ninguém escuta. Lágrimas se fazem orações,
Caem pelo rosto escrevendo hostórias que se vão
Ao tempo, contando agora apenas angustias e saudade,
Uma saudade que, tão doída, sufoca até a alma...
Que em mortal desespero grita, alucinada, louca,
Um nome que aprendeu sorrindo e, agora, chorando
Em silenciosa voz reticente, molha em prantos
Cada letra, como se cada uma delas fosse uma dor
Que nao quer passar,  que vai se fazer de sempre...
Ah! Esses meus sonhos!!

José João
30/03/2.018



sábado, 24 de março de 2018

Que os amanhãs sejam como hoje

Não perguntem se ainda tenho lágrimas para chorar...
Nem quando vou derrama-las... estão guardadas
E não sei se vou chora-las por alegria, por saudade,
Ou tristezas, agora não importa. Deixo para depois,
Para os amanhãs. Já chorei tanto que aprendi
A fazer do pranto, poesias, as vezes completas...
Outras vezes inacabadas, mas sempre verdadeiras,
Contando o que sinto ou, quem sabe, apenas
Fingindo sentir o que sinto, pra ninguém perceber.
Amar sem medo de chorar, sem medo de dizer
Ao tempo que tudo é "eterno enquanto dura",
A eternidade é feita de momentos e todos eles
Nos fazem um pedaço dela, um olhar, um beijo,
Um eu te amo se eternizam em nós, ficam em nós
Para sempre, como se fosse preciso pra se viver.
Não sei como serão os amanhãs mas, por mim,
Eles seriam sempre hoje, nessa sensação de ser
O que não sei se fui um dia. Que os amanhãs
Imitem o hoje, que o hoje seja o que  é agora,
Assim, os momentos continuam vivos...
inteiros como se fossem uma vida. Que o amanhãs
Me sejam como hoje.

José João
24/03/2.018

segunda-feira, 12 de março de 2018

Saiba esperar

Não te apresses à procura da felicidade,
 Ela chegará um dia e, quando perceberes,
Talvez até já estejas feliz. Não corre 
Desesperadamente ao que talvez nem seja pra te,
Ou se for, pode ser tão passageiro que não terá
Valido a pena tua pressa. Acalma teu coração
Que a solidão não é eterna, nem a tristeza infinita,
Desesperar é matar um pouco de te a cada dia
E quando a felicidade bater em tua porta
Podes não estar completo para recebe-la,
Aí então ela não será plena como mereces.
Deixa que o tempo amadureça tua espera
Assim estarás preparando teu coração
Para um infinito de emoções que jamais
Ousarias pedir ou esperar um dia. não corre,
Não se desespere, pois se queres chegar
Em algum lugar vai sempre entre o vagar
E a pressa, poi, se errares o caminho terás sempre
As marcas de teus pés pra fazer voltar,
Mas estás no caminho certo, não custarás
Tanto a chegar. Por isso nao te desesperes,
Acalma teu coração e sente o prazer de esperar,
Saber esperar... é também um maneira
De saber ser feliz.

José João
15/01/1.999
publicado a primeira vez em:
12/03/2.018
(soube esperar)

domingo, 4 de março de 2018

A angustia de não saber

Não quero falar dos meus dias na poesia,
Nem os de muito longe, nem mesmo de ontem,
Vem uma saudade que insiste em ficar,
E se aqui falasse dos meus dias, a poesia
Seria escrita em lágrimas, talvez em prantos,
As palavras se perderiam entre sussuros
E doloridos gemidos, reticitentes e estridentes
Gritos do silêncio que me tomam e calam a voz.
Me perco no tempo entre os momentos que vivi,
Outros que apenas sonhei e nunca se fizeram
Verdade, esses deixaram uma saudade maior...
Afinal o que seriam agora se tivessem existido?
Talvez nem seja saudade, seja a angustia
De não ter respostas. Será que esses momentos
Espantariam tristezas, angustias, aflições e dores? 
Será que não me permitiriam sentir essa inquietude
Que me deixa sem espaço para ir... nem vir,
Apenas ficar aqui, dentro de mim?
Ou será que fariam a saudade ser mais doída
E a tristeza ainda mais triste?

José João
04/03/2.018