sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Esperando acontecer

Na noite escura em choroso pensar
Buscando os sonhos que um dia sonhei
Me vem a imagem de um anjo mulher
Imagem que juro, juro, que nunca esperei
Mas chega impondo seu doce chegar
A dizer-me sorrindo que só a ela amei

Dou-me ao servir e a apenas calar
Me assento no tempo, silêncio contrito
Enquanto a alma num copioso chorar
Me deixa deveras, bastante aflito
E num furor que de onde vem eu não sei
Me toma e demente só blasfêmias eu grito

Me vem de longe, de um distante pensar
Uma história que, cheio de prantos vivi,
Foi um adeus tão doído que agora eu juro
Tão tormentoso que nego dizer que um dia senti
Mas marcas de lágrimas que ficaram no rosto
Não permitem que sobre essa dor possa mentir

Nos versos que canto, no pranto que choro
Nos poemas que escrevo completos ou não
Neles me ponho a contar uma história
Dessas que fazem vivo qualquer coração
De uma entrega que apesar de ser triste
É toda beleza e da alma, viver é a razão

Se nas noites escuras me dou ao prazer
De, na relva sentado, entregar-me ao tempo
Rezando orações que não sei de onde vêm
Mas pedindo humilde que lhes levem o vento
Mas ventos que vão não voltam jamais
Assim, escuto o silêncio e até me contento

Mas não hei de parar por aqui meu pensar
Nem hei de ficar apenas calado sem nada dizer
Vou deixar que a alma de pássaro se faça  
E em livre voar, em serenos volteios possa fazer
Que o tempo se dobre, se curve se entorte
E que possamos, eu e ela, nessa vida viver


José João
04/08/2.017


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