terça-feira, 4 de julho de 2017

Eu, a brisa e nossas lágrimas

No silêncio que o vazio da solidão deixa no tempo,
Quebrado apenas pelo sussurro de uma brisa que,
Em notas soltas, em sustenidos breves de acordes
Desconhecidos, parece chorar a mesma dor que sinto,
E uma nota mais grave, parecendo um amargo soluço,
Voa desesperada como se quisesse traduzir
Toda minha angustia é, como se fosse da brisa,
Um lágrima de minha alma que, calada, murmura
Desafinada a canção que o vento canta fazendo dela
Uma oração rezada aos gritos suplicando o milagre
Para que a dor não seja tanta, mesmo que a saudade
Se faça plena, me tome todo, me faça aos prantos,
Mas que não doa tanto como essa tristeza que se faz
Viva como se nada mais fosse preciso pra viver.
Me atiro a esmo em busca dos sonhos que já sonhei,
Ou mesmo outros sonhos ainda não sonhados
Que me permitam, pelo menos, fingir viver 
Momentos nunca antes vividos, mas que se façam
Pedaços de mim como se fossem verdadeiros,
E assim me perco dentro de uma saudade
Que se faz de sempre, uma sombra de mim mesmo
Vagando sem ir a lugar nenhum.


José João
04/07/2.017

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