Caminhava por estradas vazias, entre angustias
E mórbido silêncio a me acompanharem,
Sussurrava orações perdidas no vazio de mim,
Sentia nos ombros, curvos, o peso de saudades
Doídas, choradas com pedaço completos
De uma solidão tão densa que sufocava a alma.
Passos trôpegos, chão molhado pelas lágrimas
Que chorava em convulsivo e descabido pranto.
Noites a se arrastarem lentas em amargas horas,
Como se ruminassem minha própria dor,
Como se fosse preciso repeti-la para doer mais.
Minha alma se marcava por cicatrizes...tantas
Que se faziam bordados de retalhos de mim.
Caminhava assim, sem uma saudade nova
Para enganar o tempo, para enganar a alma.
Em orações gritadas em desespero, rezava...
Como rezam os loucos esperando divino milagre.
E rezava...rezava na espera de um acontecer...
Até que a alma explodiu em gritos e blasfêmias
E perguntou: Deus não vês esse meu sofrer
E os tantos pedidos que fiz? Não me ouves?
E uma suave voz me respondeu em silêncio:
Vês aqueles passos, lá ao longe? Aqueles indo
Na direção do horizonte? São os passos dela...
Eu a trouxe pra ti, mas estavas tão ocupado
Em chorar tua dor que não a viste passar...
Que pena!
José João
22/08/2.016
Muitas vezes insistimos tanto na dor que não percebemos
ResponderExcluira alegria nos rondando...
Bjos