terça-feira, 3 de junho de 2014

Hoje, ainda não me vi.

Hoje apenas me senti. Ainda não me vi.
Senti o coração bater mais forte, como se chorasse,
Como se sentisse uma saudade do tamanho do mundo.
Senti os olhos arderem como se lágrimas caíssem
De dentro da alma e se fizessem pedaços de dor,
Cada uma, uma dor diferente, cada dor uma angustia.
Senti a voz reticente como se balbuciasse palavras
Desconhecidas, desconexas, sem sentido ou razão,
Palavras perdidas em gritos que nem eco sabiam fazer.
Hoje ainda não me vi. Apenas me senti.
Senti as mãos tremerem como se sentissem medo,
Ou frio, como se sentissem falta de carinhos,
Ou da ternura de um rosto para afagar, acariciar.
Senti meu olhar perdido, vendo sem nada ver,
Buscando no horizonte silhuetas que não vinham,
Que talvez tenham apenas existido nos meus sonhos.
Hoje não me vi ainda. Apenas me senti,
Perdido, passeando por dentro de uma solidão
Que se fez estrada, longa, cheia de vazios,
Onde nem os sonhos me acompanham mais


José João
03/04/2.014





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