sábado, 3 de maio de 2014

As marcas de um adeus

O espelho me mostra as marcas do tempo em meu rosto,
Marcas que não se pode esconder da alma.
O olhar cansado, as pálpebras caídas, olheiras, 
Sobrancelhas e cabelos grisalhos, já quase nuvens,
Sorrisos escondidos nos lábios reticentes,
O tempo a franzir a testa com rugas como se fossem 
Cicatrizes contando histórias, contando lembranças.
Senti saudade de mim, do sorriso aberto da esperança
Viva que me fazia ir, sem medo, buscar sonhos,
Muitos se fizeram verdades vivas, outros só ficaram
Mesmo sonhos, uns até hoje ainda vivem em mim,
Outros já foram esquecidos, ficaram perdidos no tempo.
Que bom, o espelho só mostra o rosto, não mostra a alma,
Assim meus segredos ficam guardados, minhas lágrimas,
E muitas vezes convulsivos prantos, ficam guardados,
Escondidos, como segredos de minha vida... meus segredos.
Ah! Esse rosto que desaprendeu sorrir! Esse olhar perdido
Como se buscasse no nada o que não pode mais encontrar,
Esses suspiros doloridos como se chorassem saudade,
Essas mãos tremulas, postas em oração, pedindo contritas,
Que aquele adeus um dia ouvido, se fizesse esquecido,
Não contrastasse com o velho rosto, esse adeus tão doloroso
Que parece ter  sido dito ontem.


José João
03/04/2.







as 014

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