quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sofrer é... brincar de...



Viver, brincando de viver, é o melhor para viver
Sempre brinquei, brinquei até mesmo de sofrer,
Brinquei de amar, brinquei de querer,
Brinquei de mal-me-quer com flores que nem conheci.
Brinquei de contar estrelas, de sonhar amores
Sempre fiz da vida um parque de sorrisos
Por que sei brincar de fingir se for preciso chorar,
Minhas lágrimas saem  reluzentes, brilhantes,
Risonhas, enfeitando meu rosto com caminhos perfeitos
Dos olhos à alma, da alma ao tempo, do tempo ao ser.
Até hoje brinco de saudade com lembranças distantes,
Brinco com recordações perdidas para reabrir chagas
Que, há muito, pensei cicatriazadas, mas o tempo
Também brinca com a gente, nos engana sempre
Passa, nos faz pensar que tudo ficou lá distante,
Mas de repente dores de há muito sentidas,
Se fazem de hoje, de amanhã, se fazem de sempre.
Por que o tempo também brinca com a gente?
Ainda mais se o sentimento sentido foi daqueles
Que fazem cada momento inifinitamente eterno.
Mas aprendi  brincar de viver, me divirto vivendo,
Ando sem saber para onde vou, ou se vou chegar,
Paro sem saber o que esperar, sento se for preciso ir,
Também sei brincar de viver como o tempo brinca de passar,
Canto quando o silêncio precisa ser ouvido,
Calo quando a alma grita seus temores por ser tão só.
Gosto de brincar de viver por que amanhã é outro dia
Brinco de sofrer sem receios e sem temores,
Por que sei que sofrer é apenas brincar...
...  de esconde-esconde com a felicidade.

José João






quinta-feira, 23 de junho de 2011

histórias do meu jardim


Plantei um pé de Estrelas no meu jardim,
Ao pé de uma cerca, ouvindo as muitas histórias
Das Damas-da-noite que sobre ela se debruçavam
E choravam de saudade com suas Lágrimas-de-anjo
Que caiam leves sobre os Beijos-de-moça
Que se faziam florir, enfeitando como tapete, o chão,
Saudade dos Narcisos que se foram com as Rosas
Sob uma Chuva-de-prata, ouvindo os acordes de um Tango.
A Bela-Emília, deitada na relva, olhava sonhadora
Para o Céu-estrelado. Quantas recordações e tristezas!?
Onde estaria Alísson que partiu com Gardênia,
Embora tivesse jurado amor eterno à Amor-perfeito.
Ah!! No meu jardim, quantas histórias e quanto perfume!
Saudades, lágrimas, quem disse que as flores não choram?
Angélica, Gerbera e Amarílis, apaixonadas por Monsenhor
Que chorava por Camélia a deusa única de Cosmos.
Ah! Essas flores! Como me contam suas histórias!
Quem diria que Begônia,  sempre usando vaidosa,
Um Brinco-de-princesa, amava desesperadamente Iris
Que fazia versos apaixonados para Gloriosa,
Pedindo que Corda-de-viola lhe ensinasse versos de amor.
Esse meu jardim me ajuda  a chorar minhas tristezas
Com as Lágrimas-de-anjo que sobraram das Damas-da-noite.
Assim é a vida, amar é lindo mas a felicidade é uma troca.
Agora pela Coroa-de-cristo, vou tomar um Copo-de-leite
E sonhar como, com certeza, sonham as flores


                                                                              José João
                                                                            23/06/2.011






segunda-feira, 20 de junho de 2011

Velhos guardados



Ontem estive revendo velhos guardados dentro da alma,
Sonhos antigos, amores mal resolvidos,
Lágrimas choradas por dores agora tão descabidas.
Saudades que nem sei por que senti
Momentos que se foram sem dizer nada
Outros que eternamente ficaram dentro da alma
Como se fosse preciso estarem sempre vivos
Fazendo de sempre o que podia ser nunca...
Revi sorrisos que se perderam no tempo,
Palavras que me foram ditas com angustia
Outras que disse sem motivos para falar.
Algumas tão sinceras que a alma chorou ao dizer
Mas não foram acreditadas e daí nada nasceu.
Todos esses guardados, ontem se fizeram vivos,
Revivendo histórias que nem lembrava mais.
Mas de todos eles, um tomou de subito minha alma,
Foi a lembrança de um olhar que me disse adeus.
Como se os olhos gritassem ou gemessem
O adeus mais doloroso que ninguém nunca ouviu.
Tremi, como se tudo voltasse como foi antes,
Chorei como se fossem as mesmas lágrimas
E as cicatrizes se reabriram em chagas mais dolorosas
Por que foi um adeus que não era para ser dito,
E a ausência deixou um vazio tão grande
Que  até hoje minha alma se sente incompleta
Partida em fragmentos perdidos num adeus
Tão adeus que só os olhos falaram.
Esses velhos guardados dentro de minha alma
São reliquias que o tempo não apaga nunca.

José João




sexta-feira, 17 de junho de 2011

Quero viver livre



Quero viver livre, solto, assim como o amor
Percorrendo estradas, horizontes e corações carentes,
Quero voar em volteios leves como voam as poesias,
Invadindo corações e pensamentos,
Despertando desejos, sonhos esquecidos, e ir.
Sem estradas, sem caminhos assim com vai o vento
Cantando canções que ninguém entende,
Atravessando cercas, quintais, jardins
Como se fosse dono do mundo ou do tempo.
Quero voar como voam os pássaros, migrando
Entre espaços desconhecidos de diferentes horizontes,
Sobrevoando oceanos e sentindo a brisa doce e terna
Lhes roçar o corpo como abraços do céu.
Quero ser livre para ver um por do sol a cada dia,
Diferentes,  por serem únicos em cada porto,
E por ser, em cada porto, uma saudade diferente.
Quero ser livre para sentir saudade
Até das dores que já senti, das lágrimas que chorei,
Sentir saudade dos beijos que não dei,
Dos amores que não vivi, das palavras que não disse,
Dos olhares que não dei ou não recebi.
Quero ser livre para sentir saudade
Dos carinhos que não dei, dos cabelos que não afaguei,
Das lágrimas que não chorei, dos sonhos que não sonhei.
Quero ser livre para sentir meus momentos, todos,
Até os mais tristes pois foram emoções sentidas e vividas.
Quero ser livre para viver minha própria tristeza, afinal
Minha tristeza não é um estado de espirito sutil e passageiro
É o privilégio de um dom.

José João








quinta-feira, 16 de junho de 2011

Me dá um beijo



Me dá um beijo,
Mas não aquele beijo com gosto de ontem
Ou com gosto de hoje,
Me dá um beijo
Mas não aquele beijo com gosto de amanhã,
Me dá um beijo com gosto de sempre,
Um beijo com gosto de eternamente
Um beijo com gosto de infinito
Como só tua boca sabe beijar,
Um beijo que deixe minha alma rubra
Desfalecida no perfume de teus lábios
Como se fossem flores divinas
Enebriando o universo.
Me dá um beijo, só um beijo
E ele em mim se fará eterno a cada momento
Como se mais nada precisasse existir.
Flutuaria entre arco-iris, nuvens e estrelas
Voaria entre pensamentos nunca pensados
Entre os mais belo sonhos nunca sonhados
Até o desejos mais ousados se fariam inocentes.
Um beijo, apenas um beijo
Para que me faças o universo colorido,
Não ti faças de rogada ... me dá um beijo
Por todas as noites que já passamos juntos
Pelos abraços que já me destes
Me dá um beijo, aquele beijo sofrego
De violenta paixão, ou terno de doçura infantil
Mas me dá um beijo, sei que também queres
Afinal é em meu peito onde mais vives,
É em teu colo onde mais me deito.
Vem, me dá um beijo, não vês que nos completamos?
Minha doce e terna companheira, minha querida,
Como eu, também tão... carente... Solidão.
Vem me dá um beijo...

José João




quarta-feira, 15 de junho de 2011

No fim do horizonte

Lá no fim do horizonte, lá bem além de tudo,
Onde só se chega em pensamento
Por que as estradas são infinitas espirais,
Lá onde o pensamento se confunde com o eco
Lamuriante de um gemido que a alma chora
Entristecida como se a dor de ontem fosse sempre,
Nesse horizonte de lembranças perdidas
Em que as lágrimas se fazem palavras
Por que as palavras  se fazem tão pouco
Como se elas não bastassem para falar de dor
Por que as feridas permanecem chagas vivas
E palavras não traduzem a dor da alma
Assim ela busca abrigo nesse horizonte distante
Onde nunca aconteceu nenhuma história.
Onde a tristeza pode lapidar-se imaculada
E tão pura que até a saudade se torna corpo
Límpido, denso com gosto de solidão.
É nesse horizonte que meus pensamentos
Se encontram quando todos me acham perdido
É este horizonte que costumo nomear de: EU


José João
15/06/2.011

terça-feira, 14 de junho de 2011

Momentos que não vivi

As vezes me pego pensando
Em tudo que fiz ou não fiz
O arrependimento que sinto
É não ter feito o que não fiz.
Talvez sentisse outra dores
Ou quem sabe eu fosse feliz?
Talvez contasse outra história
Dos momentos que pude viver e não quis.
Não sei se a culpa foi minha
Ou se foi o destino quem fez
Dizer os tantos nãos que eu disse
Por medo de sofrer outra vez.
Mas quem pode me dizer agora
Se foi errado o que fiz
Se a dor que sinto é maior
Ou se... eu seria feliz?

Minhas mais novas conquistas

Minhas mais novas conquistas estão agora,
Vivas, soltas, vadias, voando no meu mundo,
Em volteios leves, indo entre campos e jardins,
Brincando de brilharem ao sol como diamantes,
Límpidos, perfeitos, colorindo meu olhar triste
Que se debruça lá no horizonte como se procurasse
Pelo menos alguns sonhos para sonhar,
Sonhos que insistem em não vir, não chegar.
Minhas novas conquistas, essas lágrimas brilhantes
Brincando de fazer caminhos em meu rosto,
Essa saudade do que...  nem eu mesmo sei,
Brincando de levar meus pensamentos para lugares
Distantes, perdidos no tempo e na memória.
Acho que minha alma gosta de brincar de chorar,
Gosta de brincar de sentir saudade, sentir saudades
De amores perdidos ou nunca vividos
De amores que apenas  em sonhos foram paridos.
Minha alma, não sei se louca ou inocente,
Mas sempre trazendo lágrimas novas
Como se ela fosse eternamente... carente.





quarta-feira, 1 de junho de 2011

Liberdade de sonhar



Hoje posso povoar meus sonhos
Criando imagens de momentos vividos
Que não sei onde estavam.
Talvez estivessem perdidos dentro de mim,
Escondidos entre minhas dores,
Ou, quem sabe, debaixo dos pesadelos
Que se fizeram profundas cicatrizes abertas
Como chagas dolorosas martirizando até a alma.
Hoje posso povoar meus sonhos
Com a liberdade dos sofredores ou dos poetas,
Posso dar nome de flor às dores que sinto,
Hoje posso colorir minhas lágrimas
E a cada uma delas dar um sentido, uma razão.
Posso até nomear os tantos soluços,
Que, do peito, saem ao tempo gritando
Nomes que a memória já nem guardava mais.
Não sei se me fiz sofredor ou se me fiz angustia,
Não sei se me fiz poeta ou se me fiz tristeza
Só sei que agora posso povoar meus sonhos
Já não serão mais universos vazios e sem cor
Serão  mundos onde tudo pode acontecer,
O sorriso de mãos dadas com a tristreza,
As lágrimas zombando da angustia,
A solidão trocando beijos com a alegria
A saudade brincado de presente com o passado
... Assim vou povoar meus sonhos... sonhos!!!

José João