quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A noite





Não há de ser a noite apens inspiração,
Lua, bar e poesia, mistérios, versos e rimas,
A noite é também uma doce poesia,
Silenciosa dama e meiga prostituta
Deitada no tempo despudoradamente nua
Gozando nos versos do poeta
Que se deita comodamente bêbado na rua,
E a voz pastosa rimando estrofes
Sussurra blasfêmias da vida crua.
E a lua? Louca gritava aflita
E um verso frio o poeta grita
Como se a poesia fosse irônica hipocrisia
Se não fingisse, ao dizer com ela,
Que amar a puta é uma eresia,
Beatas tristes é que se consomem
Em sonhos mortos de um amor sem nome
E o rijo corpo de suaves curvas
Sofregamente o tempo come.
A noite é assim, um poema ardente
Que abre o ventre tão docemente
Ao poeta bêbado e indecente
Que em seu colo dorme tão inocente.


José João

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